Ecos da Floresta (Liz Moore)

Esse livro me enganou direitinho. No começo, achei que não iria me prender, mas depois de algumas páginas, eu percebi que estava completamente envolvida e quando dei por mim, já tinha terminado a leitura em apenas dois dias.

Liz Moore constrói uma trama densa, cheia de personagens e micro-histórias que se entrelaçam. O enredo central gira em torno do desaparecimento de Barbara, uma menina que sumiu durante um acampamento de verão. Ela é filha de uma família extremamente rica, os Van Laar, proprietários das terras e do próprio acampamento onde tudo aconteceu.

O mistério se torna ainda mais sombrio quando descobrimos que o irmão de Barbara também havia desaparecido anos antes, na mesma floresta. Dá pra sentir o suspense no ar, né?

A partir desse ponto, acompanhamos a investigação e o desenrolar dos segredos da família Van Laar. A detetive responsável é uma jovem recém-promovida, ainda insegura e pouco experiente. Ao longo da trama, porém, ela amadurece e ganha força, talvez inspirada justamente pelas mulheres silenciadas dessa família e pelo desejo de não ter o mesmo destino.

Atenção: contém spoilers!

Vários personagens parecem suspeitos em algum momento, e isso faz com que a gente fique o tempo todo mudando nossas apostas. O mistério é bem construído, e o caso de Bear é o primeiro a ser desvendado e, modéstia à parte, a mãe era a minha principal suspeita. As pistas, os silêncios e até o aumento do consumo de álcool para lidar com a toxicidade da família indicavam que algo ali estava prestes a desmoronar.

O que me pegou de surpresa foi a traição do marido, que mantinha um caso com a própria irmã da esposa a mesma que, ironicamente, havia sido a “casamenteira” do casal anos antes.

Já o caso de Barbara nunca chega a ser oficialmente resolvido. Apenas a investigadora descobre o paradeiro da menina, mas decide guardar o segredo por entender que, talvez, o melhor para Barbara fosse continuar escondida até completar 18 anos. Triste pensar que uma família pode ser tão sufocante a ponto de o anonimato parecer a melhor opção, não é?

Ecos da Floresta é mais do que um suspense, é um retrato da dor silenciosa que pode habitar dentro das famílias mais perfeitas por fora. Liz Moore conduz a história com maestria, e, quando menos esperamos, estamos mergulhados nas sombras da floresta e nas sombras humanas também.